As letras estão molhadas, ensopadas, goticulando.
Elas eram tão livres, criancinhas correndo pelas linhas, parando na esquina de cada ponto final, sempre um passo a frente de cada parágrafo.
Elas têm dez anos e agora, adolescentes, sentem com mais força, mais inquietude e inconformação quando estão proibidas de sair e se apaixonar por uma folha. Choram e batem a porta do livro pra mostrar que não estão nada satisfeitas.
Minhas letras sentem saudade de mim e eu delas. Ontem chorei pela falta que me fazem, pois elas me tornam verdadeiramente feliz. Mas, tive que deixá-las trancadas em casa para trabalhar e estudar.
Alcancei o que sempre quis: publicar meu primeiro livro e nunca pensei que estaria escrevendo tão pouco, é quase uma ironia, não fosse tão doloroso e contraditório comigo. Ontem, então, tirei o dia- err… a noite- pra fazer as pazes e reconquistar a atenção das minhas letras queridas. E voltei a escrever, agora um novo livro.
Vou fazer sobre um tema diferente, uma sociedade a frente da nossa. Onde a personagem principal irá viver em meio a pessoas meio biônicas. Vamos ver como lido com esse novo desafio. Cada livro experimento um assunto ou um jeito diferente de narrar. Faz tempo que não crio nada e isso está me fazendo muita falta.
Escrever é a minha essência e preciso voltar a buscá-la.